quinta-feira, 3 de março de 2011

Carnaval é legal ?


Carnaval é legal? A resposta poderia ser que sim, já que carnaval é feriado nacional e ninguém que trabalha pode desprezar alguns dias de folga. Mas carnaval é uma época boa para diversão? A resposta é... Talvez.
Quando eu era criança nem sabia direito o que era carnaval e meus pais nunca foram foliões para me levar a bailes infantis ou algo do tipo. Lembro-me de um carnaval em que fomos assistir aos desfiles das escolas de samba da minha cidade. Caia muita chuva, mas não sei por que razão meu pai resolveu se alojar em uma arquibancada e ali ficamos durante a noite toda. Lembro-me que me diverti muito: depois que a chuva parou, em cada intervalo entre as escolas, eu invadia a avenida com outras crianças e ali brincamos muito, pegando restos de fantasias, fingindo que estávamos desfilando... Foi muito divertido!
Já na pré-adolescência, minha diversão era assistir aos desfiles das escolas de samba do Rio de Janeiro pela televisão. Todo ano eu garantia que ficaria a noite inteira acordado, mas no decorrer dos desfiles, eu não agüentava e acabava dormindo. Às vezes subia em cima do sofá e fingia ser um destaque em um carro alegórico. Naquele tempo havia muito mais nudez nos desfiles e para um pré-adolescente não tinha nada de melhor do que ver alguns corpos esculturais passando na televisão.
Quando comecei a trabalhar e, principalmente, ter meu dinheiro, passei a viajar nos carnavais. Praia sempre foi minha primeira opção. Nunca fui de ficar no meio da multidão, ficava sempre em algum lugar mais tranqüilo, dançando e pulando como não poderia deixar de ser. Confesso que a época mais divertida foi no auge do Axé Music: Trios Elétricos passando e a multidão atrás, as coreografias que eu tentava imitar e músicas estupidamente sem nada a dizer. Muito legal.
Nos últimos anos estou ficando em minha cidade mesmo, por que tem o que de melhor pode haver no carnaval para mim: diversão sadia, sem grandes tumultos e com showzinhos fuleiros, mas gostosos para dançar. Em um desses anos fiz uma loucura: desfilei em um carro alegórico (sonho de infância) e em mais dois desfiles fui no chão. Inclusive, em um deles saí na comissão de frente. Fiquei esgotado e a correria foi grande, mas adorei participar do carnaval mais ativamente, incluindo visitas aos barracões.
Sempre tive um pouco de medo do carnaval: parece que grande parte das pessoas sai de casa para matar, roubar, sacanear e fuder sem compromisso. Felizmente sempre achei lugares com mais a minha cara: sem o som muito alto e sem grandes concentrações de gente. Posso parecer um tanto quanto chato, mas odeio gente me esbarrando. Já aconteceram coisas super chatas em carnavais, como quando um amigo levou uma cotovelada no olho sem ter feito nada. Em outro carnaval bebi tanto que queimei meu filme totalmente, ao beijar uma pessoa que não devia em uma rua movimentada. Mas pelas histórias de carnaval que já escutei de alguns amigos, isso é pouco... Não estou sendo moralista, apenas não é meu jeito de ser e de agir.
O carnaval do Rio está melhorando a cada ano. Antes, ficava restrito aos desfiles das escolas de samba na Praça da Apoteose. E a experiência de ir ao Sambrodomo é algo que só os fanáticos por samba e pelas escolas deveriam passar: Um inferno para comprar cerveja, mais um inferno para ir ao banheiro... E os desfiles? Quase não se vê nada! Se você ficar na parte de cima, não vê embaixo, se fica embaixo, não vê o alto dos carros alegóricos... Vale a pena apenas se você for convidado para algum camarote (principalmente os de cerveja) e como eu ainda não tenho essa bola toda... Então, o que melhorou no carnaval do Rio? A invasão dos blocos! Em todo bairro há em pelo menos um dia de carnaval o desfile de um bloco pelas ruas. Uma diversão de graça que tem arrastado multidões. Já se começa a existir a cobrança dos famigerados abadás, infelizmente. Acredito que a prefeitura deveria coibir esse tipo de comercio, antes que o que surgiu de melhor no Rio dos últimos anos se torne mais uma vez um evento elitizado.
O carnaval da Bahia muitas vezes foi chamado de o mais democrático do Brasil. Engano recorrente de pessoas desavisadas: a compra de abadás gera uma fortuna aos blocos. Podem custar até mais de mil reais. O risco de ser roubado tanto dentro como fora da cordinha é grande e, segundo testemunhas, se corre o risco de voltar para casa sem uma peça de roupa.
O carnaval no resto do país segue basicamente o modelo criado pelas cidades do Rio e Salvador: desfiles de escolas de samba, blocos de embalo e trios elétricos. Garanto que nenhuma cidade do país consegue fazer um desfile de escolas de samba tão belo quanto o Rio. Até mesmo em cidades do interior o carnaval é caprichado. São Paulo contrata artistas, artesões e carnavalescos do Rio para incrementar seu carnaval, mas ainda fica anos luz do espetáculo de criatividade e alegria que é o desfile das escolas do Rio.
Esse ano, meu carnaval será sossegado: com as chuvas na minha cidade, não haverá carnaval, então as opções são mais complicadas. Devo ir a bailes de carnaval privados, pegar uma piscina, ver alguns desfiles na tv, beber algumas cervejas... Nada demais, mas muito mais ao meu gosto pessoal...

domingo, 27 de fevereiro de 2011

Oscar 2011!!

Sempre gostei de acompanhar a cerimônia do Oscar: o glamour, as maiores estrelas vestindo roupas de deusas, as caras de decepção e/ou fingimento quanto outro ator ou atriz ganhava o premio... São tantas emoções! Mas só para quem gosta de cinema e dos seus astros e estrelas, por que para quem não gosta ou não tem certo interesse, pode ser uma das coisas mais chatas para se assistir na face da terra.
Eu adoro assistir ao Oscar. Alguns anos atrás eram como um presente de aniversário, pois a cerimônia sempre acontecia na mesma data em que eu comemorava mais um ano
de vida. Como a cerimônia agora é em fevereiro, isso não acontece mais. Porém esse ano eu consegui um feito que há muito não conseguia: Vi todos os filmes concorrentes a melhor do ano antes de ser realizada a cerimônia! Se não me engano só havia conseguido isso uma vez, e olha que era apenas cinco concorrentes a melhor filme e não 10, como nesse ano! Para ser sincero, estou mentindo um pouco: na verdade não assisti a todos os filmes... Faltou Minhas Mães e Meu Pai! Dito isso vamos as minhas sublimes constatações sobre esses dez filmes que foram eleitos os melhores do ano:

A Origem é genial: a trama é uma das mais revolucionarias de todos os tempos. Importante dizer que apesar de tudo parecer muito confuso, você entende tudo o que se está passando. Vou tentar resumir a trama: um grupo de mercenários entra nos sonhos de pessoas importantes para dali descobrir segredos que podem render dinheiro e poder político. O personagem de Leonardo DiCaprio quer ainda mais: poder voltar a sua terra natal e ver seus filhos. Ele consegue? Aí é que está: o final não é muito claro. É um sonho ou não é? Para mim é o melhor filme do ano, sem duvida, por ser completamente original e audacioso, e ao mesmo tempo que diverte, faz pensar.
Toy Story 3 é outro filme maravilhoso. Se a produtora Pixar insistia em não fazer continuações de seus filmes, deve perder esse medo. O filme é o melhor da trilogia. Basicamente fala sobre o fim da inocência. Andy, o dono de Buzz e Woody vai para faculdade, deixando seus brinquedos aflitos sobre seu destino. Passam por muitas aventuras para finalmente encontrar seu destino. Maravilhoso, emotivo e cheio de aventuras. Nossa, estou parecendo narrador de filme da Sessão da Tarde.
Cisne Negro é um filme assustador! Muita gente tem comentado que é um filme de terror, um terror psicológico, em que Natalie Portman arrasa ao interpretar uma bailarina que ganha o papel principal numa montagem do espetáculo O Lago dos Cisnes. Tentando encontrar o seu lado negro, a personagem vai enlouquecendo de forma assustadora.
Bravura Indômita é uma refilmagem de um filme com John Wayne e é um faroeste diferente dos que estamos acostumados a ver: uma menina pede ajuda de um confederado (uma espécie de policia da época) para vingar o assassinato do pai. Partem em uma viagem de vingança e conhecem pelo caminho bandidos e personagens muito estranhos. Sinceramente, para mim é o mais fraco do pacote. Não consigo enxergar o humor dos irmãos Cohen e por que são tão endeusados pela critica. Pode até ser falta de cultura, mas os filmes dos dois nunca me encantaram e esse não é exceção.
O Vencedor é uma história sobre drogas, família, amor e o sonho de se conseguir vencer na vida mesmo com vários percalços pelo caminho, através do boxe. Christian Bale e Amy Adams arrasam em seus personagens. O mais fraco do filme é Mark Wahlberg, com cara de nada o filme inteiro. É um filme bom, gostoso de assistir e que não escorrega para o dramalhão.
127 Horas é outro filme que se você só ler a sinopse, imagina que é chatissimo: um montanhista cai em uma cratera e uma pedra prende seu braço. Não existe busca, não existe socorro nem ninguém que saiba onde ele está. Para sobreviver ele chega ao extremo do que um ser humano seria capaz. Você imagina que essa historia não rende uma historia de uma hora e meia, mas nas mãos do diretor Danny Boyle, rende um filme dinâmico e emocionante. Vale à pena ter essa lição de vida, de coisas que deixamos de fazer e só damos o devido valor quando perdemos.
A Rede Social, todo mundo está cansado de saber que é sobre a criação do Facebook. É outra historia que poderia ser enfadonha, mas nas mãos de David Fincher se tornou uma trama de suspense, intrigas e traições. Emocionante, divertido e que nunca deixa a peteca cair. Se não entender muito de inglês, se prepare para ler as legendas em questão de segundos, pois os diálogos são rápidos como o The Flash. O melhor é que o filme pode ser interpretado também como um romance, um romance da era tecnológica em que estamos.

Inverno da Alma é a história de uma menina prestes a perder tudo. Seu pai sumiu e não apareceu para pagar a fiança que devia. Ela parte em busca de alguma pista do pai e acaba encontrando muitas pessoas arrepiantes. O filme não é para qualquer um: é lento e angustiante. Não mostra aquele lado dos Estados Unidos que estamos acostumados a ver, de pessoas ricas e bem sucedidos. Pelo contrario, mostra o pior do ser humano e da America.
O Discurso de Rei é uma bobagem. Aulas de fonoaudiologia do antigo rei do Reino Unido, que era gago. Porém, as interpretações de Colin Firth. Geoffrey Rush e Helena Bonham Carter são tão estupendos, que você fica ligado no filme até seu fim emocionante. É interessante ver um pouco dos momentos íntimos da realeza e o que um futuro rei pode passar durante a infância, capaz de causar traumas até a idade adulta.
Só faltou Minhas Mães e Meu Pai, mas isso não importa, dei uma boa resumida nos indicados ao OSCAR 2011. Vejo vocês mais tarde no tapete vermelho, estarei de smoking e acenando para os fotógrafos. Uma dica: se você estiver em casa assistindo a cerimônia, dê preferência ao canal TNT, com comentários de Rubens Edwald Filho. Os comentários retrógrados e nostálgicos de José Wilker, na Globo, ninguém merece!

quinta-feira, 17 de fevereiro de 2011

O fim de Lost e outras séries!


Acompanhei Lost desde o inicio. No dia do primeiro episódio exibido no Brasil, eu só havia lido sobre o burburinho que a série estava causando nos EUA. Não sabia do que se tratava a série. Para que? Desde a abertura, com os personagens aflitos no avião, a cada do mesmo, até os famosos flashbacks, tudo era tão diferente do que eu acompanhava na época (Will & Grace, Friends) que foi como se um novo mundo se abrisse para mim. Mistérios, personagens carismáticos, tramas empolgantes, enfim, uma série revolucionária em que os pontos altos eram muito mais comuns dos que os baixos. Os mistérios foram se acumulando ao longo dos episódios e pouco era revelado, mas mesmo assim mantive fé de que no fim tudo teria uma conclusão tão óbvia que eu diria: “Como não pensei nisso antes?”. Seis anos se passaram e quando o último episódio foi ao ar no ano passado, eu tinha a expectativa de final de Copa do Mundo. Chorei o tempo todo vendo o episódio final: os encontros de personagens que se amavam, personagens que haviam morrido, muita emoção e um desfecho que me deixou atordoado. Tão atordoado que só hoje, mais de um ano depois, consegui escrever algo sobre Lost. Aproveitando que só agora a Globo exibe os episódios finais, dá para reavaliar e ter uma opinião concreta sobre o desfecho.
Lost era tudo aquilo que eu disse no início: revolucionária, instigante, cheia de personagens marcantes, etc. Porém seu fim foi uma decepção. Nada foi explicado a contento e os mistérios que foram realmente explicados no fundo não diziam nada a respeito das principais perguntas: o que é a ilha? Quem é Jacob? Eles estavam todos mortos desde o inicio? Disso, pouco se disse. Eu entendi mal e porcamente que a ilha era um lugar místico, onde coisas impossíveis aconteciam. A explicação de que a ilha é uma rolha para os males do mundo é um dos piores tapa buraco da história das séries. Até hoje rende debates. Alguns amigos acham que lá era o purgatório. Mas o purgatório na verdade não era o “mundo paralelo do final”?  Acho que cada um teve sua interpretação e os autores não se dignaram a explicar nada depois do fim... Ainda não vi os dvds da temporada final para saber se existem comentários, mas acho difícil que tenham detalhado algo mais do que detalhes da produção.
Lost foi ótima e decepcionante ao mesmo tempo. David Linch não faria melhor. David Linch, diretor de filmes que mais parecem sonhos fragmentados, é um mestre no suspense e nos fatos sem explicação, mas quando escreveu a série “Twin Peaks”, conseguiu ser convincente e decifrou a principal questão: “Quem matou Laura Palmer?”. Já Lost é um sonho, ou pesadelo, sem fim...
De lá para cá, o efeito Lost foi devastador: nenhuma série de ficção ou suspense conseguiu o mesmo sucesso e foram canceladas.
Refeito do efeito Lost, continuo um apaixonado por séries e acompanho pelo menos uma dúzia delas. Na segunda tem Grey’s Anatomy e United States Of Tara. Na terça Fringe, que também é ficção cientifica, mas tudo é claramente explicado a cada capitulo ou temporada. Quarta tem The Gates, minha amada Desperate Housewives e a sensacional Glee, que melhora a cada episódio. Quinta tem as comédias Cougar Town, Community e 30 Rock. Sem esquecer o ser odioso mais amado do mundo: o Dr. House. Obviamente acompanho mais séries, mas essas são algumas das que gostaria de citar. Séries de grande sucesso com a critica me causam certo asco e melancolia, como Dexter e Nip/Tuck.
Confesso que morro de saudades de Friends, Will & Grace, Ugly Betty... E de Lost, que é o motivo desse post? Sinto saudades? Sim, sinto saudades dos personagens e daquela sensação de “não vou conseguir esperar pelo próximo episódio” quando as letras LOST invadiam a tela. Sei lá, no fundo, acho que perdi 6 anos da minha vida à toa...

quinta-feira, 3 de fevereiro de 2011

Cronologia de uma tragédia.


Fartamente coberta pela mídia do Brasil e do mundo, a tragédia que se abateu na região serrana do Rio de Janeiro foi muito mais séria do que muita gente supõe. Como morador de Nova Friburgo, minha vontade era passar logo para todos os meus leitores, tanto do blog como do twitter, o que estava acontecendo em minha cidade. Porém, a Internet na minha casa só voltou a funcionar três semanas depois do desastre. Antes de escrever esse texto, eu iria escrever sobre como foram as minhas férias entre outras futilidades. Tudo se tornou um tanto mais fútil e desnecessário depois de tudo o que passamos e eu posso dizer que sou um felizardo por não ter perdido tanto quanto outras pessoas perderam. Aqui vai uma pequena cronologia dos fatos e alguns detalhes do que aconteceu...

Terça – 11.01.2011:
A noite começou quente, mas como sempre, por volta das 22hs, começou uma chuva intensa. Continuei plugado na Internet sem dar muito credito ao temporal. A luz começou a acabar e voltar depois de alguns minutos. A Internet parou de funcionar por volta de meia noite e resolvi organizar fotos no computador antes de desligá-lo. Fui para cama meia hora depois, mas ainda assisti a um episódio de Uma Família Da Pesada. Logo depois dormi. Durante a madrugada, acordei para ir ao banheiro, a luz tinha acabado novamente e a chuva era intensa.

Quarta – 12.01.2011:
Sete da manhã, minha mãe abre a porta do meu quarto, me chama e diz: “Caiu um monte de barreira durante noite”. Respondi: “Eu imagino”, afinal quando fui dormir a chuva era grande e imaginei que tinham caído algumas barreiras, no que ela respondeu de bate pronto: “Não imagina, não!”. Ouvi vozes na rua e levantei. Preparei um café e fui olhar pela janela: alguns desmoronamentos em lugares impensáveis. Para cada lado que olhava, uma surpresa. Muita coisa acontecendo e quedas de terra por todos os lados. Desci para a rua e vários vizinhos estavam aflitos. Um homem corre com uma criança nos braços para levá-la ao hospital. Infelizmente, mais tarde soubemos que a criança não sobreviveu.
Fico sem saber o que fazer: ando de um lado para outro, entro em casa e volto para a rua sem parar. Vou até minha loja limpar a calçada de lama que se formou em frente as portas. Felizmente a água não chegou a invadir a loja. Volto para casa e fico acompanhando as noticias dos vizinhos. Não há luz, os telefones fixos e celulares estão sem sinal.
Vários vizinhos se reúnem na calçada da minha loja para conversar. Chega a noticia de que o hospital mais próximo da minha casa (São Lucas) poderia ser interditado a qualquer momento, pois uma pedra se descolou da montanha e saiu arrebentando tudo pela frente. Resolvo dar uma volta pelo bairro e as coisas estão horríveis: quedas de terra por vários lugares, casas soterradas e muita tristeza por tudo o que estamos vendo. Muitas pessoas nas ruas procurando noticias e correndo no mercado para fazer compras.
Começam a chegar noticias de outros lugares, parece que a cidade foi atacada por aviões de guerra e a palavra mais ouvida é: “acabou”. Bairro tal? Acabou! Aquele outro? Acabou!
Helicópteros circulam o tempo todo nos céus, ajudando as pessoas que estão isoladas ou precisando de algo.
Chega a noticia de que um primo meu morreu em uma das casas que foram soterradas no bairro de Córrego Dantas. Também chega a noticia de que dois prédios caíram no centro da cidade. Daí até o fim do dia é só tensão pela falta de noticias dos amigos e parentes e medo do que poderia vir pela frente. Sem nada para fazer a noite, bato um longo papo com minha irmã e vamos dormir.

Quinta – 13.01.2011:
Acordo cedo, a falta de noticias dos amigos me deixa ansioso, fumo sem parar... Resolvo ir ao centro da cidade ver se encontro alguém e ver se meu amor está bem. O caminho é longo e não há condução pública e ir de carro é perigoso. Levo mais de uma hora passando por lama e água para chegar ao centro da cidade. Em um mercado vejo pessoas revirando o lixo a procura de mantimentos. Tudo parece cenário de filme de destruição: carros pelas ruas, revirados, lama, muita lama por todos os lados, casas destruídas, pessoas cabisbaixas enlameadas, transito lento e caótico, lojas fechadas ou fazendo limpeza... Encontro alguns amigos que vão me informando de outros amigos e assim percebo que pelo menos a maioria está bem. Chego na rua do apartamento do meu amor. Subo em uma montanha de terra e árvores para atravessar e ele como que por instinto, está do outro lado a me esperar. Quando nos abraçamos, o choro sai descontrolado e é difícil nos concentrarmos... Não há noticias de várias pessoas ainda, mas também não chegou mais nenhuma noticia ruim. Fico no apartamento até o inicio da tarde e acompanho as reportagens dos canais de tv. Finalmente tenho noção de tudo o que aconteceu e as lágrimas vem a todo o momento. A preocupação volta pelos parentes que residem em outras cidades afetadas pelas chuvas.
Helicópteros continuam nos céus e sirenes dos bombeiros e policia são rotina.
Chego em casa no fim da tarde, muito chocado com tudo o que vi e repassando as noticias para a família e vizinhos. Mais um dia sem os itens básicos da civilização: água encanada e luz.

Sexta – 14.01.2011:
Por volta da hora do almoço surge o boato de que uma barragem havia estourado na cidade. Perto da minha casa não há rio, mas ficamos todos muito apreensivos com a noticia. O boato muda e nos fim das contas é só um boato mesmo. No You Tube existe muitos vídeos mostrando como foi o pânico nas ruas.
As coisas continuam na mesma: sem água, luz, telefone... Nada! As conversas continuam e só chegam noticias de lugares que foram destruídos.
Todo mundo está estocando comida em casa, com medo de haver desabastecimento. Cigarros já não são encontrados facilmente, assim como gasolina.

Sábado – 15.01.2011:
Trabalho na parte da manhã e depois do almoço vou a pé novamente para a casa do meu amor. A rua continua enlameada e não existe ônibus para todos os lugares. Ando muito e chego exausto ao meu destino.

Domino – 16.01.2011:
Passamos dia inteiro ao telefone, já que em alguns lugares eles voltaram a funcionar, pelo menos os celulares.

Segunda – 17.01.2011:
A luz voltou ao meu bairro e finalmente começamos a saber das noticias em horário real.
Durante toda a semana começam a chegar mantimentos enviados por pessoas de todo o Brasil. Há muita gente que pega mantimentos sem necessitar. Mas quem sou eu para dizer quem precisa ou não? Só vejo muita gente se aproveitando da situação para levar vantagem e ouço de um vizinho que ele tem mantimentos para uns três meses. Depois de alguns dias a água volta, mas racionada.
Pára de chover tão intensamente e o medo de novos desmoronamentos é amortizado.

Uma semana depois:
Continuam chegando mantimentos, roupas e água, alguns lugares começam a receber ajuda e os celulares já funcionam. A água continua faltando, mas volta em alguns dias, com cheiro de terra e merda, impossível de se beber ou cozinhar.

Daí para frente, as coisas vão aos poucos voltando ao normal. A cidade vai se limpando, mas como o calor é intenso, a lama vira poeira e máscaras são objetos de muita necessidade. Ônibus voltam a circular e a Internet também volta. Doações são mais escassas, mas água mineral continua chegando em menor quantidade.
Normalidade é uma palavra forte para explicar como as coisas estão na cidade agora, três semanas depois do acontecido, mas em comparação com os dias de trevas, melhorou muito.

Não publicarei nenhuma foto da minha cidade destruída. Isso é triste e é uma história que merece ser contada, mas não glomourizada. Por isso, fiquem com uma imagem da minha cidade linda e que vai voltar a ficar linda em breve. É a imagem do símbolo da cidade, o Cão Sentado...

segunda-feira, 27 de dezembro de 2010

Eu vou mas eu volto!

Está quase chegando! Falta apenas mais um ano para o fim do mundo! Assim como foi com o bug do milênio, a passagem de 2011 para 2012 promete ser pauta de várias reportagens de gente sem imaginação. Aliás, falta de imaginação é o que não falta aos repórteres, principalmente os da tv. Quem ainda agüenta reportagens sobre as compras de Natal e a correria dos que deixaram tudo para a última hora? Todo ano é sempre igual: guerra, fome, desastres ecológicos, fúria da natureza, aquecimento global... De anos em anos ainda temos eleições, copas do mundo, olimpíadas... Por aí vai. A humanidade está precisando de uma boa sacudida. Precisa arrumar a casa ou desconstrui-la.
Quais as novidades de 2010? Se formos pensar bem, esse ano foi beeem desanimado! Mas eu tenho fé de que os anos impares são melhores. Pelo menos na minha vida pessoal. Dessa eu não posso reclamar! Um amor, viagens, amigos, risos, alegrias... Tudo muito bom, muito novo e descomplicado!
2010 chega ao fim como um ano apagado, se não fosse os arquivos da diplomacia mundial divulgados pelo site Weak Leaks no apagar das luzes, talvez poderia dizer que foi um ano completamente desnecessário.
Muito blá blá blá... Tudo isso foi só para dizer que estou me despedindo do blog! Clama, fieis leitores! O blog dá uma parada nesse fim de ano. Afinal, também sou filho de Deus e mereço umas férias de vez em quando. Volto em janeiro, cheio de novidades, textos maravilhosos, conteúdo perfeito e muita pretensão!
Obrigado a todos pelas visitas, pelos comentários e tudo mais que um blog poderia desejar!
Feliz 2001!!!

segunda-feira, 20 de dezembro de 2010

...Por que “Os Normais” é o melhor seriado já feito no Brasil!


*A química entre Luiz Fernando Guimarães (Rui) e Fernanda Torres (Vani) é tão perfeita que até hoje os atores são convidados para apresentar prêmios juntos pelo Brasil.

*Depois de sete anos em que o programa saiu do ar, ainda se comenta sobre a série e mesmo as reprises exibidas atualmente no GNT fazem sucesso.

*O seriado é moderno, mostrando um casal meio louco, mas muito mais real do que os heróis e mocinhas chatinhos das novelas.

*Foi o seriado que mais obteve êxito nas noites de sexta-feira da TV Globo, com três temporadas e 71 episódios. Nenhum outro programa de sexta durou tanto com tanto sucesso.

*Todos os casais se identificaram com o programa, seja no humor oriundo da rotina, seja nas situações inesperadas.

*Os textos de Alexandre Machado e Fernanda Young conseguiam ser chulos e sofisticados ao mesmo tempo.

*As participações especiais eram sempre uma atração à parte, utilizando o primeiro time de astros e estrelas do elenco da Globo.

*Na terceira temporada contou com a participação fixa dos talentosos Graziela Moretto (Maristela) e Selton Mello (Bernardo), causando muito mais confusões.

A série foi exibida de primeiro de julho de 2001 a três de outubro de 2003. Depois originou dois longas metragens para o cinema.

quinta-feira, 16 de dezembro de 2010

Compras de Natal!


Fim de ano é sempre igual: começam as propagandas de lojas e shoppings com o Natal como tema. A música “hoje, é um novo dia, de um novo tempo, que começou...” é a trilha sonora da mensagem de fim de ano da Globo e a cada intervalo comercial nós vemos artistas em situações inesperadas, mostrando que são “gente como a gente”. Xuxa e Roberto Carlos têm seus especiais exibidos e as ruas e lojas ficam lotadas de gente fazendo suas comprinhas de Natal.Aproveitando o décimo terceiro salário ou não, qualquer pessoa compra pelo menos um presente para dar para alguém especial.
Comigo não é diferente, mas com o cartão de credito, minhas compras começam em novembro. Geralmente alguns sites já estão com promoções e no caso do Submarino, livros e dvds são a pedida certa. Livros ótimos a 10 reais, boxes de séries a 30, as opções são boas para quem quer consumir cultura. Minha biblioteca fica tão abastada no fim de ano que geralmente levo todo o ano seguinte para ler os livros que comprei.
Na última semana sai às compras para escolher presentes. Prefiro comprar no inicio de dezembro, por que as ruas e lojas ainda não viraram o inferno que ficam nos últimos dias antes do Natal. No primeiro dia vi preços e comprei mais algumas coisinhas para mim: roupas! Afinal, eu também sou filho de Deus! Depois fiquei me policiando por ser tão consumista...
Uma ida as lojas Americanas resolveu pelo menos metade dos meus presenteáveis: aqueles que não se precisa pensar muito, em que um presente genérico cai muito bem. Depois é que comprei os presentes “especiais”, dados para aquelas pessoas que merecem algo mais especifico e carinhoso. Esses são os mais difíceis. No meu caso por que sempre imagino o que EU gostaria de ganhar. Mas nem sempre o que eu gostaria de ganhar é o que o presenteado quer ganhar. Vale muito a pena ir a lojas como Hering e Opção, pois são produtos de qualidade com preços acessíveis.
Nessa época do ano é que surgem os debates sobre o consumismo e se as pessoas sabem qual é real significado do Natal. É a comemoração do nascimento de Jesus! O problema é que, segundo historiadores, Jesus nasceu em março e a data só foi modificada para atender as demandas do comercio. É uma data que já nasceu com jeito, cara e pinta de consumista!
Sou totalmente a favor do consumo. A gente passa o ano todo querendo comprar algumas coisas e só nessa época é que sobra dinheiro para isso. Pelo menos no caso dos menos abastados. Também convivemos com pessoas o ano todo, que nos ajudam, nos fazem companhia, conversam e não há jeito melhor de agradecermos essa disponibilidade com um presente. Quem nunca se surpreendeu com um presente e quase deu pulinhos de felicidade? Quem nunca se decepcionou? Tudo faz parte do jogo.
E ainda tem os encontros familiares, os churrascos dos amigos, o calor, as festas, as comidas, as bebidas... Enfim, apesar de também ser uma época melancólica, quem se dispõe a sorrir um pouco pode se divertir muito! Mesmo aqueles que não querem comemorar muito, podem festejar a data de forma muito legal: vendo filmes antigos como “A Felicidade Não Se Compra” e “O Mágico de Oz”, clássicos desse período.
Por isso que de uns anos para cá tenho cada vez mais certeza de que Natal é legal!